Texto sobre febre amarela

Paulo Henrique de Lima Santana paulo at phls.com.br
Sat Feb 16 17:18:18 GMT 2019


Olá,

A Gazeta do Povo publicou um texto sobre a febre amarela no Paraná:

https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-bem-estar/quando-tomar-a-vacina-contra-a-febre-amarela/

O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde
(Sesa) na última quinta-feira (14), trouxe um aumento no número de casos
confirmados de febre amarela no Paraná. Ao todo, desde julho de 2018,
foram confirmados quatro casos autóctones (de contaminação local) no
estado: um em Antonina, no litoral, sendo que a contaminação teria
acontecido em Guaraqueçaba, dois em Adrianópolis, na Região
Metropolitana de Curitiba, e um sem a localização confirmada.

Os números podem parecer tímidos, mas são dignos de atenção. Desde 2015,
o Paraná não apresentava qualquer caso confirmado da doença. Porém,
dados os surtos que aconteceram no país entre 2016 e 2017 e entre 2017 e
2018, já era esperado que a doença chegasse ao estado. Assim, está em
curso uma estratégia de intensificação da vacinação da população em todo
o país para evitar que a doença se espalhe.

Desenvolvida na década de 1930, a vacina contra a febre amarela
(antiamarílica) protege completamente contra a doença, faz efeito em
cerca de dez dias e tem aplicação única – basta recebê-la uma vez para
ficar imunizado pela vida toda.

A vacina é recomendada para todas as pessoas entre nove meses e 59 anos
de idade, salvo algumas exceções: gestantes, mulheres que amamentam
bebês menores de seis meses de idade e pessoas acima de 60 anos de idade
precisam de prescrição médica para poderem receber a dose. A vacina é
contraindicada para pessoas com sistema imunológico enfraquecido,
histórico de reação alérgica grave ou doença febril aguda.

Todos os municípios paranaenses dispõe da vacina antiamarílica nas
unidades de saúde, de acordo com a Sesa. A secretaria informou, ainda,
que está havendo “uma resposta satisfatória na procura de vacinas por
todo o estado” e que há doses suficientes para imunizar toda a
população-alvo. “Não percam a oportunidade de receber a vacina. Se
houver dúvidas, busque a unidade de saúde”, aconselha o superintendente
interino de Vigilância em Saúde da Sesa-PR, João Luís Crivellaro. Ele
ressalta que a única forma de evitar a doença e romper a cadeia de
transmissão é a imunização.

Neste sábado (16) cinco unidades de saúde em Curitiba estarão abertas
durante a manhã para ampliar a imunização para os moradores da cidade.
São elas: Eucaliptos (Alto Boqueirão), Moradias Santa Rita (Tatuquara),
Rio Bonito (Campo do Santana), Santos Andrade (Campo Comprido) e Santa
Quitéria (Santa Quitéria). De segunda a sexta-feira, 110 postos de saúde
ofertam a vacina na capital.

A vacina é recomendada para todas as pessoas entre nove meses e 59 anos
de idade. Foto: Bigstock.

“A febre amarela tem uma taxa de letalidade de cerca de 30% e é uma
doença grave – muito mais que dengue, chikungunya ou zika. Mas,
diferentemente destas, a gente tem uma vacina extremamente segura e
eficaz”, destaca o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações
(SBIm), Renato Kfouri.
Alerta para o organismo

A vacina contra a febre amarela atua “alertando” o sistema imune e
fazendo com que ele produza defesas e torne o organismo imune ao vírus.
Ela utiliza um vírus vivo, mas atenuado. Ao invés de causar a doença,
esse exemplar menos agressivo pode ser detectado pelo sistema
imunológico em uma proporção suficiente para que o corpo possa gerar uma
resposta imune. “Essa resposta imune acaba protegendo você desse vírus
atenuado e do parental, mais virulento”, explica a pesquisadora titular
do laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Paraná, Claudia Nunes
Duarte dos Santos.

Ao contrário de outras vacinas, como a da gripe, o vírus da febre
amarela precisa estar vivo e se replicar no organismo para que o sistema
imune consiga enxergá-lo e responda a tempo de maneira eficiente e
duradoura. Esse intervalo entre a aplicação da dose vacinal e a
construção da resposta imunológica demora cerca de dez dias – ou seja, é
o período necessário para que ela “faça efeito”.
A barreira criada pelo corpo é tão resistente e até hoje o vírus sofreu
tão poucas mudanças, que não é necessário tomar a vacina mais de uma
vez. No Brasil, a vacina antiamarílica é fornecida pelo
Bio-Manguinhos/Fiocruz, maior produtor mundial e um dos poucos
laboratórios do mundo autorizados a produzi-la.

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A recomendação do Ministério da Saúde é de que todos os que se encaixem
no perfil recomendado procurem um posto de saúde para receberem uma
dose, mas isso se torna ainda mais essencial para aqueles que planejam
praticar ecoturismo, visitar o litoral ou áreas de mata. Isso porque o
vírus está em seu ciclo silvestre, em que é transmitido pelos mosquitos
dos gêneros Haemagogus e o Sabethes, que vivem nas florestas ou à beira
de rios – a febre amarela urbana foi erradicada em 1942 e é transmitida
pelo mosquito Aedes aegypti (o mesmo da dengue).
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A transmissão da febre amarela se dá somente através dos mosquitos, que
são os únicos vetores. Isso significa que primatas acometidos pela
doença, humanos ou não, não podem transmiti-la. Apesar disso, macacos
acabam sendo vítimas duas vezes: tanto pela infecção quanto pela
ignorância. Como a febre amarela silvestre pode causar a morte dos
macacos, a população muitas vezes acaba fazendo confusão e acredita que
corre risco de ser infectada por eles – o que não ocorre de maneira
alguma. São frequentes os casos de macacos que são mortos precisamente
por causa da desinformação.

“A gente chama os macacos que ficam doentes de sentinelas, porque eles
são os sentinelas para a doença. Na verdade, eles ficam doentes, morrem
e são tão vítimas quanto a gente”, afirma a especialista. É como se eles
fossem os canários levados para dentro das minas de carvão no século
XIX. Especialmente vulneráveis a gases tóxicos, se essas aves morriam,
serviam de alerta aos trabalhadores quanto a vazamentos potencialmente
letais que são completamente invisíveis e inodoro, como o do monóxido de
carbono.

São essas ocorrências da doença em macacos (epizootias) que alertam as
autoridades competentes quanto à circulação do vírus. Informada por meio
de campanhas educativas, os moradores de regiões de maior risco já sabem
que, ao encontrar algum macaco morto, é necessário entrar em contato com
o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs)
local para que os agentes venham recolher o animal.

Vigilância epidemiológica

Depois que os macacos são recolhidos e devidamente processados, são
testados para verificar as causas da morte. A sede paranaense da Fiocruz
é referência e responsável por fazer esse tipo de diagnóstico em toda a
região Sul do Brasil. Devido à preparação dos órgãos envolvidos nesse
processo, nos casos de febre amarela confirmados em 2019 no leste do
Paraná foi possível fazer isso de maneira rápida e eficiente (em um
intervalo de quatro dias entre a notificação de dois macacos mortos ao
Cievs e a publicação do diagnóstico de febre amarela).
Estudos prévios mostram que o vírus da febre amarela silvestre sempre se
alastra de acordo com um mesmo padrão, seguindo o caminho das matas.

Assim, foi possível usar os dados relativos aos surtos anteriores para
prever que, nessa nova etapa, o vírus chegaria às regiões Sul e Nordeste
do Brasil, que não tinham sido afetadas nos últimos verões. A partir
disso, foi definida uma estratégia conjunta entre órgãos como as
secretarias de saúde e os laboratórios responsáveis pelo processamento e
diagnóstico da doença.

“O segredo de tudo [em saúde], especialmente em epidemiologia, é ter
ações conjuntas. Quando tem uma vigilância epidemiológica rápida, o
desdobramento da ação é muito rápido. Porém, se houver uma falha na
vigilância, é igual a um dominó: todas as peças caem e fica tarde demais
para tomar algum tipo de medida. É preciso ter competência instalada,
não resolver as crises à medida que elas forem surgindo”, aponta
Claudia. Ao final de janeiro, quando o primeiro caso autóctone do Paraná
foi confirmado, já havia uma estratégia de intensificação da vacinação
em curso no estado.

Um programa de imunização populacional bem estruturado pode acabar sendo
vítima do seu próprio sucesso: as doenças desaparecem, os efeitos delas
não são mais vistos e há uma falsa impressão de cura eterna. “As pessoas
não lembram mais o que é ficar doente porque as vacinas são tão
eficientes que elas esquecem que essas doenças existem”, diz a cientista
da Fiocruz Paraná.

Por isso, é importante lembrar que a imunização é um trabalho constante
e tomar providências para impedir que a cobertura vacinal fique abaixo
do necessário. “Há muito a ser feito, como flexibilizar horários de
funcionamento de unidades de saúde, avançar na estratégia de comunicação
com a população sobre a importância dessas doenças e evitar
desabastecimento das doses”, enumera o diretor da Sociedade Brasileira
de Imunizações.

Em Curitiba, algumas unidades de saúde estão aplicando a vacina de febre
amarela aos sábados. A lista completa disponível no site da prefeitura:
www.curitiba.pr.gov.br.

Sintomas

A febre amarela pode causar sintomas como febre alta e súbita, associada
a dor de cabeça, fraqueza, vômitos, dores musculares e nas articulações.
Em casos mais severos, o infectado pode apresentar também inflamação no
fígado e nos rins, sangramentos na pele e sofre risco de morte.

Dor de cabeça, febre alta, vômitos e dores musculares são alguns dos
sintomas da febre amarela. Foto: Bigstock

O superintendente interino de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde
do Paraná, João Luís Crivellaro, explica que é preciso evitar a
automedicação porque várias doenças virais que se espalham durante o
verão têm sintomas muito parecidos – como dor de cabeça, náusea e
vômitos. “Caso haja febre, calafrios, cansaço, dor de cabeça por dois ou
três dias, é preciso procurar o serviço de saúde porque a doença pode se
agravar e causar as complicações mais graves”.

Em casos mais agudos, a febre amarela evolui rapidamente e pode ser fatal.



-- 
Paulo Henrique de Lima Santana (phls)
Curitiba - Brasil
Debian Developer
Diretor do Instituto para Conservação de Tecnologias Livres
Membro da Comunidade Curitiba Livre
Site: http://www.phls.com.br
GNU/Linux user: 228719  GPG ID: 0443C450

Organizador da DebConf19 - Conferência Mundial de Desenvolvedores(as) Debian
Curitiba - 21 a 28 de julho de 2019
http://debconf19.debconf.org



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