[Debian-br-gud-rs] Ubuntu: Adotar, Estender, Extinguir
Flavio Menezes dos Reis
flavio-reis em pge.rs.gov.br
Segunda Maio 11 12:01:42 UTC 2015
Despido de qualquer ironia, eu queria agradecer ao esforço de todos para
que tenhamos os olhos abertos para o que acontece. Quando não são projetos
estritamente comerciais tentando nos aprisionar, temos também o esforço de
projetos, até pouco tempo, celebrados, tentando corromper-nos.
Obrigado mesmo André e Paulo.
Em 9 de maio de 2015 12:22, Paulo Francisco Slomp <slomp em ufrgs.br> escreveu:
>
> Ubuntu: Adotar, Estender, Extinguir
>
> 9 de Maio de 2015
>
> Fonte:
> http://softwarelivre.org/portal/noticias/ubuntu-adotar-estender-extinguir
>
> Por André Machado:
>
> Muito tem se falado a respeito da distribuição Ubuntu ultimamente. Não
> apenas eu, no ano passado, expressei minha opinião
> http://www.andremachado.org/artigos/1045/ubuntu-inimigo-no-1-do-software-livre-no-brasil.html
> sobre a mesma avisando que ela era nociva à nossa liberdade de software
> como, neste ano, houve uma polêmica a respeito da presença do mesmo no
> Flisol, Festival Latino-americano de instalação de software livre
> http://www.revista.espiritolivre.org/por-um-flisol-sem-ubuntu.
>
> Por um lado, os usuários mais ativistas do software livre acusam o sistema
> da Canonical de não respeitar as quatro liberdades fundamentais
> https://www.gnu.org/distros/common-distros.html e coletar dados de seus
> usuários, enviando tais informações aos servidores da Canonical e da
> Amazon. Por outro, muitos usuários da distribuição colocam sua suposta
> facilidade de uso e a liberdade de escolha acima dessas questões.
>
> Recentemente, eu tive uma epifania e pude visualizar o que está realmente
> por trás do Ubuntu e das jogadas comerciais da Canonical. Trata-se de uma
> estratégia desenvolvida por ninguém menos do que a Microsoft durante a
> década de 1990: o famoso Abraçar, Estender, Estinguir.
>
> Essa expressão foi cunhada
> https://pt.wikipedia.org/wiki/Adoptar,_estender_e_extinguir pelo
> departamento de justiça dos EUA para descrever ” sua estratégia de lançar
> produtos envolvendo padrões amplamente usados, estendendo esses padrões com
> funções proprietárias e incompatíveis e então usar essas diferenças para
> por seus concorrentes em desvantagem”. De acordo com a Wikipédia em inglês,
> a estratégia se divide em três fases
> https://en.wikipedia.org/wiki/Embrace,_extend_and_extinguish#The_strategy:
>
> Adotar: é desenvolvido um software amplamente compatível com um
> produto competidor ou com um padrão público;
> Estender: São adotados e promovidos novos recursos não suportados pelo
> produto concorrente ou que não fazem parte do padrão, criando problemas de
> interoperabilidade para os clientes que tentarem usar o padrão original.
> Extinguir: Quando esses novos recursos se tornam um padrão de facto
> devido à parcela de mercado dominante, eles marginalizam os concorrentes
> que não utilizam essas extensões.
>
> O exemplo mais gritante foi a Guerra dos Browsers, ocorrida no final dos
> anos 1.990: após não conseguir promover sua versão proprietária da
> Internet, a The Microsoft Network, a empresa adotou publicamente a World
> Wide Web. Logo em seguida, porém, ela estendeu a linguagem HTML padrão ao
> criar os controles ActiveX e algumas tags e sintaxes que só funcionavam no
> navegador Explorer, causando desvantagens aos usuários de Netscape. No
> início da década de 2.000, este concorrente foi extinto, o Explorer era
> considerado o navegador padrão e os padrões web haviam sido esquecidos, até
> o surgimento do Firefox, que quebrou o ciclo.
>
> Uma estratégia similar pode ser observada com o Ubuntu e seu ecossistema.
> Senão, vejamos:
>
> Abraçar: Em 2.004, surge a Canonical e o seu sistema operacional, o
> Ubuntu, que nada mais era do que uma remasterização do Debian com um tema
> próprio. Através de seu slogan de “Linux para seres humanos”, de sua
> promessa de ser sempre gratuito e do envio sem custo de CDs a qualquer
> parte do mundo, o Ubuntu conquistou uma legião de usuários e de
> desenvolvedores.
>
> Estender: Em 2.010, o tema padrão do Ubuntu deixou de ser marrom
> alaranjado para se tornar roxo, o que muitos acreditam simbolizar uma
> mudança do lado comunitário para o comercial. Desde essa mudança, a
> Canonical implementou várias mudanças exclusivas para o seu sistema, dentre
> as quais podemos destacar: a plataforma de colaboração de softwares
> Launchpad e seus PPAs, seu próprio servidor de janelas, o Mir, seu próprio
> ambiente desktop, o Unity, seu próprio gerenciador de inicialização, o
> Upstart e, agora, seu próprio formato de pacotes, o Snappy
> http://br-linux.org/2015/01/canonical-vai-ter-versao-do-ubuntu-trocando-os-pacotes-deb-pelos-pacotes-snappy.html.
> Tudo isso, claro, com a desculpa de estar fazendo algo melhor e inovador,
> ao invés de tentar melhorar o que já existe.
>
> Extinguir: Com uma grande comunidade tanto de usuários quanto de
> desenvolvedores, o Ubuntu se tornou o padrão de facto do mundo SL/CA. A
> maioria dos blogues “especializados” em Linux considera que seu leitor está
> ou estará usando Ubuntu para seguir algum tutorial – mesmo que o assunto em
> questão seja algo genérico, como a reinstalação do GRUB – e vários projetos
> de software livre ou migraram para o Launchpad ou só possuem versão binária
> disponível como PPA, dificultando a vida de quem deseja usá-los em outra
> distribuição (incluindo, aí, o Debian).
> Onde eu quero chegar?
>
> Se você, leitor, se despir de seu preconceito, perceberá que falta muito
> pouco para a Canonical ter um sistema independente: ela só precisa criar
> seu próprio userland – ferramentas de linhas de comando que acompanham o
> kernel – e, talvez, sua própria suíte de escritório, visto que o kernel
> Linux que acompanha a distro, muitas vezes chamado de “kernel Ubuntu”,
> quase pode ser considerado um projeto independente devido à grande
> quantidade de patches que recebe.
>
> Mas e daí, pergunta você, qual o problema disso tudo? O problema é que, a
> cada dia, o Ubuntu está se tornando cada vez mais independente e, dessa
> forma, marginalizando as outras distribuições existentes. Mais do que isso,
> um belo dia a Canonical poderá resolver fechar seu sistema – da mesma forma
> que a Google fez com o Android – e acabar aprisionando seus usuários. O
> mesmo pode ser dito do systemd.
>
> Voltando ao exemplo da Internet, uma vez que o concorrente é extinto, a
> inovação cessa. O Internet Explorer ficou anos na mesma versão, sem
> inovação alguma, até que chegou um concorrente para lhe tirar de seu trono.
> Seria esse destino uma bela ironia aos usuários noobs que enchem o saco dos
> veteranos repetindo o enjoativo mantra de que “não podemos parar a
> inovação”? Fica no ar, a dúvida.
>
> Fonte: andremachado.org
> http://www.andremachado.org/artigos/1322/ubuntu-adotar-estender-extinguir.html
>
>
> --
> _______________________________
> Paulo Francisco Slomp
> http://www.ufrgs.br/psicoeduc
> Acionado com Software Livre
> http://www.ufrgs.br/soft-livre-edu
>
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> Debian-br-gud-rs em lists.alioth.debian.org
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Flávio Menezes dos Reis
Procuradoria-Geral do Estado do RS
Seção de Infraestrutura de Rede - Assessoria de Informática
Analista de Informática
(51) 3288-1764
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